NÃO FUI EU! (Crônica)
João Gambá estava
sempre espreitando na cozinha para ver se sobrava algum petisco que pudesse
levar para o boteco como “tira-gosto”. Se chovesse bebia para esquentar, se
fizesse sol bebia para refrescar. Dessa forma, estava sempre bêbado.
Esperava que
Maricota, sua esposa, saísse da cozinha e raspava as panelas. Seus amigos de
copo o esperavam ansiosamente, pois a comida da velha ranzinza era muito
gostosa e, “beber sem um salzinho, era doze”!
Quando
retornava à cozinha, Maricota ficava vermelha de raiva e ia até ao boteco falar
desaforos para o safardana e seus comparsas. João, descaradamente, dizia: “Não
fui eu!” Ela vendo que não tinha outra solução, voltava para casa, “Pê da
vida”.
Num desses
acessos de raiva, tramou uma vingança para o campeão da cachaça. Preparou uma
bela feijoada e temperou com um tempero especial. Purgante em dose cavalar!
Como de
costume o “gambá”, que mais parecia um gatuno, adentrou a cozinha e encheu uma
tigela com a apetitosa feijoada, em seguida seguiu rumo ao boteco, feliz como
criança que acaba de ganhar doce. Birita vai, birita vem; o intestino respondeu
ao estímulo do laxante, e todos, sem exceção, começaram a se contorcer.
Paulinho Gambá chegou a casa suando frio e, sem duas conversas, correu para o
reservado.
Depois de um
longo tempo saiu de lá quase desfalecido, mas ainda teve forças para acusar a
esposa de tentar envenená-lo, ela não perdeu tempo e foi logo dizendo: “Não fui
eu”!
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