ILUSÃO DE ÓTICA (Crônica)
Desde muito pequeno Paulo Vítor demonstrou ser bastante curioso, olhava
tudo com interesse e a cada descoberta seu interesse pelas coisas desconhecidas
aumentava. Principalmente coisas distantes, intocadas e, não raramente, as
proibidas.
Seu quarto mais parecia um laboratório, tinha de tudo, lupa, binóculos,
microscópios, etc. Seu passatempo favorito, na infância, era caçar bichinhos no
jardim. Agora, já na adolescência, desenvolveu o hábito de observar pessoas,
preferivelmente mulheres. Com sorte a janela de seu quarto tem uma vista
privilegiada, dali dá para ver com perfeição os quartos de três vizinhas que
são observadas diariamente por ele.
Infelizmente, a casa de melhor ângulo estava desocupada, mas no ano
passado mudou-se para lá uma linda moça, Paulo esteve observando-a enquanto a
mudança chegava, era loira e parecia uma deusa, vestia um jeans e uma camiseta
colante que realçava os seios volumosos, o que deixou o exímio observador
totalmente empolgado. A contra gosto Paulo teve que deixar seu posto de
observação e foi para o colégio.
Durante a aula as horas pingavam deixando-o inquieto, queria voltar logo
para casa. Finalmente, o sinal bateu e ele pôde voltar à sua prazerosa tarefa.
Agora, a nova vizinha já havia terminado a arrumação da casa, limpava o jardim,
estava protegida pelas folhagens de modo que dificultasse sua visualização, mas
nada desanimava o “cientista”.
Depois de algum tempo ela mostrou todo seu corpinho, suas coxas bem
torneadas deixaram-no enlouquecido. Com movimentos delicados ela levou as
sacolas de lixo até a lixeira na calçada, foi aí que Paulo pôde ver seu rosto
com mais nitidez. Seus lábios carnudos o provocavam enquanto seus olhos, de um
azul profundo, derramavam sensualidade.
Por um momento ela olhou em sua direção fazendo-o estremecer, mas logo
desviou o olhar e entrou na casa. Os dias que se seguiram foram de total
aproveitamento, chovesse ou fizesse sol, lá estava ele com seu binóculo. Até
que um dia, ela tendo notado que estava sendo observada, começou a provocá-lo.
Deixava aberta a janela do quarto e usava blusas transparentes incitando-o.
Isso o estimulava ainda mais e, sem se preocupar com a invasão de privacidade,
olhava descaradamente seu objeto de pesquisa.
Numa tarde em que
Paulo não teve aula, continuou a observá-la, só que desta vez
ela pensava que ele estivesse no colégio, ficando, dessa forma, mais à vontade.
Saiu do banho enrolada numa minúscula toalha, sentou-se na cama e começou a
passar creme em todo o corpo, depois se levantou, foi até o armário, escolher
uma roupa, nesse momento Paulo viu seu corpo desnudo e não pôde acreditar no
que vira. Decepcionado, olhou mais uma vez para ter certeza de que não havia se
enganado, constatou tristemente que aquela linda mulher que lhe despertara
desejos avassaladores, na verdade, era um travesti turbinado.
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