CORVELO - o cotovelo curioso (Conto Infantil)

Era uma vez...
    Um cotovelo que morava num dos braços da cozinheira Zazá. Ele adorava sair de casa, gostava de ver a rua, as pessoas, as novidades nas lojas, etc. Sempre que Zazá ia à feira comprar legumes, verduras, temperos e frutas para preparar as deliciosas comidas que só ela sabia fazer, Corvelo ficava eufórico, quase não dormia, de tanta ansiedade. Queria que chegasse logo a manhã seguinte para poder sentir aquele cheirinho gostoso da feira.
            Na feira, Corvelo olhava tudo com atenção e curiosidade e, às vezes, se distraia olhando o colorido das frutas ou o bigode engraçado do sr. Manuel, e, não via quando alguém apressado dava-lhe um empurrão, ele, assustado, se encolhia. Mas, continuava curioso olhando tudo que podia, sentindo os cheiros e tentando identificar qual fruta ou erva exalava aquele cheirinho. Na verdade, era uma mistura de cheiros que, às vezes, o confundia, tinha o cheirinho gostoso da maçã, das mexericas, das hortelãs, da pimenta,..., E, tinha ainda, o cheiro das pessoas, cada pessoa usava um perfume diferente, era tanto cheiro que Corvelo acabava ficando zonzo, mas adorava passear na feira.
          Quando voltava para casa, o danadinho do Corvelo nem tinha tempo para descansar, pois, dona Zazá ia direto para a cozinha preparar o almoço da família, ele aproveitava para descansar quando ela ia descascar batatas e apoiava os braços sobre a mesa.”Ah! Era uma maravilha descansar um pouquinho depois de tanta aventura na feira”. Ele era feliz com a vida que levava, mas, às vezes, ficava imaginando como seria sua vida se morasse no braço de um aviador ou de um capitão de algum navio...
         Ele gostava muito de aventuras, pena que morava no braço de uma cozinheira, então, quando Zazá estava no fogão preparando a comida, ele fantasiava que estava num deserto, sentindo muito calor, por causa do sol forte, a chama do fogão. Se Zazá ia lavar louças ele imaginava que estava numa cachoeira refrescante. Se Zazá estivesse limpando a geladeira, Corvelo não perdia tempo, imaginava que tinha ido ao Pólo Sul, fantasiava tão bem que, às vezes, tremia de frio.
         Um belo dia, Zazá resolveu ir ao zoológico, era uma bela tarde de domingo, as pessoas nas ruas estavam felizes, Corvelo se divertia olhando as crianças agitadas na fila para comprar a entrada do zôo, ele também estava muito curioso para ver os animais, parecia uma criança. Dona Zazá ia entrando no grande portão quando, de repente, um menino apressado esbarrou nela derramando sorvete em seu braço e deixou o pobre Corvelo todo melado de calda de chocolate, ele gostou da surpresa geladinha, mas, dona Zazá ficou muito brava e saiu depressa à procura de uma torneira onde pudesse lavar seu querido cotovelo.
         Depois do incidente, dona Zazá pôde, finalmente, ver os bichinhos do zoológico, levando o curioso Corvelo para ver primeiro o elefante.
        Corvelo ficou assustado com o tamanho do bicho e, como nunca tinha visto nenhum elefante antes, ficou sem entender por quê ele tinha o rabo na cabeça e não no bumbum; nesse momento, o tratador dos animais explicou que os elefantes têm o nariz adaptado para pegar os alimentos e levá-los até à boca e que aquele narigão se chamava tromba; então, Corvelo sorriu, pensando “Que tolice a minha! Onde já se viu, bicho com rabo na frente?” Depois, foi levado à jaula dos leões, parecia até que dona Zazá estava adivinhando os desejos dele, pois ela o levava bem aonde ele queria ir. Os leões eram, também, um pouco grandes, mas perdiam em tamanho para os elefantes, ficavam em jaulas bem arejadas e no fundo delas, havia uma pequena cachoeira que formava um laguinho, a fêmea estava à beira desse lago, amamentando um lindo filhotinho, Corvelo ficou emocionado, assistindo a cena...
        Dona Zazá ia caminhando e Corvelo espiando, olhava cada bichinho de um jeito diferente, teve admiração pelos pescoçudos avestruzes, sentiu medo das cobras, quis acariciar os coelhos, achou engraçado as tartarugas e jabutis, pareciam iguais, mas o moço explicou que não eram iguais não, tinha que olhar bem para ver a diferença e Corvelo não podia olhar muito bem, pois, quando ia olhar observando as diferenças, dona Zazá já estava indo ver outro bicho. Vida difícil é a vida de um cotovelo...
       Quando viu o hipopótamo deitado na lama, o curioso cotovelo sentiu vontade de perguntar se ele não tinha nojo de ficar ali, naquela “ÉCA”, mas pôde perceber que o gorduchão estava feliz ali e, pensou: “Coisas de bicho!” Quando chegou perto das aves, Corvelo não sabia para onde olhar primeiro, as araras eram maravilhosas, os papagaios se divertiam imitando as pessoas, os tucanos, com aqueles bicos enormes, nem pareciam pássaros, havia, também, os periquitos, as galinhas-d’angola, os gaviões, os pavões, e, tinha até uma águia.
     Ao final do passeio Corvelo estava cansado, mas muito feliz, tinha se divertido e aprendido muitas coisas novas no zoológico, coisas que nunca havia imaginado que existisse, foi muito proveitoso aquele passeio, afinal, “um cotovelo também precisa estar por dentro das novidades.” E lá foi ele mais uma vez para o fogão,...

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