A ÁRVORE QUE DAVA ESTRELAS - Conto Infantil
Era uma
vez...
Uma floresta longe, muito longe, onde tudo era muito bem organizado, cada coisa no seu lugar. Bananeira dava bananas, coqueiro dava cocos, mangueira dava mangas, goiabeira dava goiabas...
Todos os bichos eram alegres, cheios de vida e todos, sem exceção, eram amigos. Até mesmo o leão era bonzinho naquela floresta; a lebre não tinha medo da raposa, pois, ela era muito mansinha e gostava de brincar com os outros animais e, assim, viviam muito felizes.
Até que um dia, caiu na floresta, uma sementinha muito estranha; ela veio numa noite de tempestade trazida pelo vento forte que aceitava as árvores e assustava os animaizinhos. Choveu muito naquela noite e a terra ficou molhada e macia, pronta para receber a sementinha.
O dia amanheceu lindo, depois de uma noite de chuva forte as árvores estavam limpinhas e brilhavam ao sol; era primavera, as flores pareciam mais alegres, danando suavemente de um lado para outro, embaladas pela brisa leve que soprava.
Os bichinhos acordaram tarde naquela manhã, pois não dormiram bem com tanta chuva na noite anterior, estavam todos com muita fome e os pássaros foram logo procurar comida. O quero-quero que corria confusamente de um lado para o outro bicando os grilinhos que, desesperados tentavam esconder-se dele sob as folhas, bicou sem querer uma coisa dura e escorregadia, era a sementinha. Muito audacioso e faminto, o quero-quero tentou comê-la, mas num estalo, ela escorregou do seu bico, caindo na terra novamente, desaparecendo entre as folhas secas que havia no chão. Aborrecido, o quero-quero voltou a correr atrás dos grilos e das minhocas.
Passaram-se alguns dias e, do silencioso processo da germinação, a sementinha despertou, mexeu-se suavemente, começando a brotar. Sem que ninguém percebesse, um broto fino saía da terra com tanta vontade de viver, que causaria inveja a qualquer um que acompanhasse seu crescimento, mas ninguém dava conta de que uma nova vida criava-se ali e que, desde a noite da tempestade, alguma coisa havia mudado.
Com o passar do tempo, o broto frágil ia transformando-se numa arvorezinha formosa, seus galhos cresciam rapidamente, como se quisessem agarrar as nuvens, suas raízes estavam bem firmes na terra e seu caule engrossava animadamente.
Já estava quase pronta para florescer.
A primavera chegou ao fim e o verão chegou quente, com o sol radiante trazendo as brincadeiras e os banhos no riacho, com a chegada do verão muitos filhotes nasceram deixando todos muito ocupados, nenhum animalzinho percebeu a existência da nova árvore, exceto as borboletas, que borboleteavam sobre suas folhas algumas vezes durante o dia.
A mamãe gansa passava ali perto todos os dias a caminho do riacho, onde ensinava os filhotes as peripécias da natação, ela estava tão envolvida nas tarefas de mãe que nem percebia a presença de mais uma árvore na floresta. No riacho, todos os bichos banhavam-se pela manhã, menos o gambá e o gato do mato que não gostavam de água, para eles a água era só para beber. Tomar banho? Jamais! Eles preferiam catar suas pulgas uma a uma a afogá-las no rio, ficavam à margem catando-se enquanto os filhotes, inocentes, molhavam suas patinhas e corriam assustados com medo da água.
Os gansinhos, os patinhos e os marrecos aprendiam rapidamente as peripécias do nado livre, acompanhando seus pais em fila; pareciam até soldadinhos desfilando! O castor e a lontra divertiam-se às custas dos patinhos; eles mergulhavam enquanto os patinhos nadavam tranqüilamente e puxavam o pezinho de um e de outro que saiam em disparada gritando em busca da proteção da mamãe, esta, aborrecida, repreendia o castor que, sorrindo, mergulhava à procura de novas diversões.
E, assim, passou mais um verão, como acontecia todo ano, num clima de muita paz e amizade. O outono chegou trazendo novas obrigações. Era tempo de armazenar alimentos, pois quando chegasse o inverno a escassez de comida seria certa. O castor preparava uma nova casa mais aquecida, os macacos brincavam mais do que trabalhavam, os esquilos carregavam suas nozes e, até as formigas arrastavam folhas e pedaços de frutas para suas casinhas... O leão ensinava os filhotes a caçar, a mamãe gansa, a mamãe pata e a mamãe marreco ensinavam os filhotes a voar, pois, no inverno iriam para o Sul.
O inverno chegou castigando a floresta com um frio intenso; o sol, nas primeiras manhãs de inverno, ainda tentou aparecer no céu aquecendo a floresta, mas, as grossas nuvens e os pequenos flocos de neve que começavam a cair, o convenceram a ir descansar e só voltar na primavera. Logo, o chão ficou todo branquinho e, as árvores pareciam algodões doces assim obertas de neve; e, mesmo debaixo de toda aquela neve, a mais nova árvore da floresta continuava a crescer, preparando-se para florescer na primavera.
Os gansos, os patos e os marrecos voaram para o Sul onde encontrariam sol, comida e águas quentes para se banharem. Os ursos foram hibernar, os esquilos se esconderam em suas casinhas nas árvores e, as formigas, nem sequer olham para fora, de tanto frio. Os coelhinhos é que gostavam de brincar na neve, pulando pra lá e pra cá, ficando, às vezes, cobertos de neve, então, pulavam e sacudiam as orelhas, sorrindo.
O inverno foi rigoroso e todos ansiavam pela chegada da primavera e, ela veio, trazendo com ela um sol tímido e preguiçoso, aos poucos, a neve foi derretendo e, à medida que o sol ia esquentando, a neve derretia mais depressa e corria de encontro ao riacho, onde juntando às suas águas, logo se esqueceria que um dia havia sido neve. Os animais corriam de um lado para o outro, com os coraçõezinhos cheios de alegria, as borboletas enfeitavam o céu, disputando o espaço com os passarinhos; as flores começavam a colorir toda a floresta e, entre tantas árvores, uma, em especial, também florescera despercebida, estava cheinha de pequenas flores que liberavam um cheiro doce e agradável, chamando à atenção das abelhinhas que por ali passavam.
Logo as flores deram lugar às pequenas estrelinhas verdes, que, pouco a pouco, iam crescendo e, depois ficavam amarelas. Numa bela manhã, um pica-pau ia passando e viu aquela árvore estranha e bela, pensou logo em morar nela, ele gostava de mudar de casa, estava justamente procurando uma árvore nova para construir uma residência mais confortável e, além do mais, ele gostava de afiar seu bico. O pica-pau começou, então, a construir sua nova casa, bicou a árvore durante todo o dia e, ao anoitecer, ela já estava pronta; ele estava muito cansado depois de tanto trabalhar; mas, mesmo assim, voou à sua antiga casa para apanhar sua esposa e seu filhote.
Quando o pica-pau voltou na manhã seguinte, encontrou sua nova casinha invadida, a coruja audaciosa havia tomado para si, a casa do pica-pau e estava morando nela como se fosse a dona. O pica-pau ficou furioso e disse que se ela não saísse logo, ele iria perder a paciência, a coruja zombou dele e, aí, começou uma discussão, um puxa pra lá um puxa pra cá e, penas voaram para todos os lados.
A notícia da briga correu toda a floresta com rapidez e, a bicharada veio correndo ver o que estava acontecendo. Quando chegaram perto da árvore ficaram muito espantados, não só pela briga, mas também, pela descoberta da árvore. Ficaram surpresos, assustados... Todos queriam falar ao mesmo tempo.
A confusão foi geral, por fim, a coruja desistiu de morar na casa do pica-pau, mas, continuou na árvore, subiu mais alguns galhos e ficou lá de cima olhando a confusão. O pica-pau disse que a árvore era dele, pois foi ele quem viu primeiro e, se trancou em casa com a família. O coelho que tentou acabar com a briga, ficou cheio de hematomas.
De repente, a árvore foi invadida pela bicharada, o papagaio, o bem-te-vi, a arara, e, todos os outros pássaros queriam morar na árvore; até os esquilos, a preguiça e os macacos estavam brigando por um pedaço de galho desocupado, ninguém se entendia mais, a amizade deu lugar ao egoísmo e à ganância, todos os bichinhos da floresta estavam tomados por sentimentos mesquinhos, todos queriam a árvore que dava estrelas.
O leão que, até então, era amigo de todos, urrou com força mandando que todos se calassem e fossem embora, pois, a árvore seria dele a partir daquele momento e, que ele iria ficar na sombra deliciosa que ela proporcionava.
E assim, os amigos da floresta tornaram-se inimigos, ninguém brincava mais, nem conversavam como antes, viviam se arranhando e fazendo cara feia um para o outro. Enquanto isso, as estrelinhas iam crescendo, ficavam amarelas e caíam no chão, apodrecendo... Os animais nem pensavam em comê-las, eles nunca tinham visto uma árvore que dava estrelas e tinham medo de comer os seus frutos, pois achavam que poderiam ser sagradas... Talvez, fosse uma estrela que tivesse caído do céu e brotou ali. E, sendo assim, era mesmo sagrada. Quanto a isso, estavam todos de acordo.
Quando os patos e seus companheiros voltaram do Sul, trouxeram um novo amigo, o tucano. Foram recebidos pelo castor que ficou no riacho olhando a confusão de longe, logo ficaram sabendo da nova árvore e de toda confusão que ela causara, voaram depressa para ver a tal árvore. Ao chegarem debaixo dela, o tucano começou a rir, dava gargalhadas e rolava no chão; os outros animais o olhavam curiosos, sem entender o que estava acontecendo. Depois de tanto rir, o tucano finalmente conseguiu falar:
—Vocês estão brigando por isso? Essas são as estrelas sagradas que todos querem, mas ninguém come? — E, sorriu novamente.
— É, qual é a graça. — Respondeu muito zangado o leão.
Então o tucano respondeu, segurando o riso:
— Me desculpem, meus amigos, mas isso tudo é muito engraçado. Essas estrelas não são estrelas de verdade, olhem, elas nem brilham e, também, não são sagradas, são apenas frutas, tem muitas dessas lá onde moro. Podem comer, o milagre que elas fazem é não a gente morrer de fome! É uma fruta deliciosa conhecida na minha terra como carambola. Venha macaco, esqueça as bananas e prove uma carambola.
O macaco olhava para ele com um olhar desconfiado, mas depois resolveu comer uma frutinha e disse que era deliciosa.
O leão decidiu, então, que todos poderiam comer as tais carambolas, todos provaram da fruta e acharam uma delícia, e, começaram a conversar normalmente, sem brigas, como acontecia antes da chegada da árvore de estrelas, voltaram a ser amigos novamente e riram muito relembrando a confusão passada. As sementes que caíram no solo brotaram e novas árvores cresceram, em pouco tempo, a floresta estava cheia delas.
A vida na floresta voltou a ser como antes, a amizade voltou a povoar os corações dos animaizinhos que, agora, brincavam felizes à sombra da árvore que dava estrelas.
Uma floresta longe, muito longe, onde tudo era muito bem organizado, cada coisa no seu lugar. Bananeira dava bananas, coqueiro dava cocos, mangueira dava mangas, goiabeira dava goiabas...
Todos os bichos eram alegres, cheios de vida e todos, sem exceção, eram amigos. Até mesmo o leão era bonzinho naquela floresta; a lebre não tinha medo da raposa, pois, ela era muito mansinha e gostava de brincar com os outros animais e, assim, viviam muito felizes.
Até que um dia, caiu na floresta, uma sementinha muito estranha; ela veio numa noite de tempestade trazida pelo vento forte que aceitava as árvores e assustava os animaizinhos. Choveu muito naquela noite e a terra ficou molhada e macia, pronta para receber a sementinha.
O dia amanheceu lindo, depois de uma noite de chuva forte as árvores estavam limpinhas e brilhavam ao sol; era primavera, as flores pareciam mais alegres, danando suavemente de um lado para outro, embaladas pela brisa leve que soprava.
Os bichinhos acordaram tarde naquela manhã, pois não dormiram bem com tanta chuva na noite anterior, estavam todos com muita fome e os pássaros foram logo procurar comida. O quero-quero que corria confusamente de um lado para o outro bicando os grilinhos que, desesperados tentavam esconder-se dele sob as folhas, bicou sem querer uma coisa dura e escorregadia, era a sementinha. Muito audacioso e faminto, o quero-quero tentou comê-la, mas num estalo, ela escorregou do seu bico, caindo na terra novamente, desaparecendo entre as folhas secas que havia no chão. Aborrecido, o quero-quero voltou a correr atrás dos grilos e das minhocas.
Passaram-se alguns dias e, do silencioso processo da germinação, a sementinha despertou, mexeu-se suavemente, começando a brotar. Sem que ninguém percebesse, um broto fino saía da terra com tanta vontade de viver, que causaria inveja a qualquer um que acompanhasse seu crescimento, mas ninguém dava conta de que uma nova vida criava-se ali e que, desde a noite da tempestade, alguma coisa havia mudado.
Com o passar do tempo, o broto frágil ia transformando-se numa arvorezinha formosa, seus galhos cresciam rapidamente, como se quisessem agarrar as nuvens, suas raízes estavam bem firmes na terra e seu caule engrossava animadamente.
Já estava quase pronta para florescer.
A primavera chegou ao fim e o verão chegou quente, com o sol radiante trazendo as brincadeiras e os banhos no riacho, com a chegada do verão muitos filhotes nasceram deixando todos muito ocupados, nenhum animalzinho percebeu a existência da nova árvore, exceto as borboletas, que borboleteavam sobre suas folhas algumas vezes durante o dia.
A mamãe gansa passava ali perto todos os dias a caminho do riacho, onde ensinava os filhotes as peripécias da natação, ela estava tão envolvida nas tarefas de mãe que nem percebia a presença de mais uma árvore na floresta. No riacho, todos os bichos banhavam-se pela manhã, menos o gambá e o gato do mato que não gostavam de água, para eles a água era só para beber. Tomar banho? Jamais! Eles preferiam catar suas pulgas uma a uma a afogá-las no rio, ficavam à margem catando-se enquanto os filhotes, inocentes, molhavam suas patinhas e corriam assustados com medo da água.
Os gansinhos, os patinhos e os marrecos aprendiam rapidamente as peripécias do nado livre, acompanhando seus pais em fila; pareciam até soldadinhos desfilando! O castor e a lontra divertiam-se às custas dos patinhos; eles mergulhavam enquanto os patinhos nadavam tranqüilamente e puxavam o pezinho de um e de outro que saiam em disparada gritando em busca da proteção da mamãe, esta, aborrecida, repreendia o castor que, sorrindo, mergulhava à procura de novas diversões.
E, assim, passou mais um verão, como acontecia todo ano, num clima de muita paz e amizade. O outono chegou trazendo novas obrigações. Era tempo de armazenar alimentos, pois quando chegasse o inverno a escassez de comida seria certa. O castor preparava uma nova casa mais aquecida, os macacos brincavam mais do que trabalhavam, os esquilos carregavam suas nozes e, até as formigas arrastavam folhas e pedaços de frutas para suas casinhas... O leão ensinava os filhotes a caçar, a mamãe gansa, a mamãe pata e a mamãe marreco ensinavam os filhotes a voar, pois, no inverno iriam para o Sul.
O inverno chegou castigando a floresta com um frio intenso; o sol, nas primeiras manhãs de inverno, ainda tentou aparecer no céu aquecendo a floresta, mas, as grossas nuvens e os pequenos flocos de neve que começavam a cair, o convenceram a ir descansar e só voltar na primavera. Logo, o chão ficou todo branquinho e, as árvores pareciam algodões doces assim obertas de neve; e, mesmo debaixo de toda aquela neve, a mais nova árvore da floresta continuava a crescer, preparando-se para florescer na primavera.
Os gansos, os patos e os marrecos voaram para o Sul onde encontrariam sol, comida e águas quentes para se banharem. Os ursos foram hibernar, os esquilos se esconderam em suas casinhas nas árvores e, as formigas, nem sequer olham para fora, de tanto frio. Os coelhinhos é que gostavam de brincar na neve, pulando pra lá e pra cá, ficando, às vezes, cobertos de neve, então, pulavam e sacudiam as orelhas, sorrindo.
O inverno foi rigoroso e todos ansiavam pela chegada da primavera e, ela veio, trazendo com ela um sol tímido e preguiçoso, aos poucos, a neve foi derretendo e, à medida que o sol ia esquentando, a neve derretia mais depressa e corria de encontro ao riacho, onde juntando às suas águas, logo se esqueceria que um dia havia sido neve. Os animais corriam de um lado para o outro, com os coraçõezinhos cheios de alegria, as borboletas enfeitavam o céu, disputando o espaço com os passarinhos; as flores começavam a colorir toda a floresta e, entre tantas árvores, uma, em especial, também florescera despercebida, estava cheinha de pequenas flores que liberavam um cheiro doce e agradável, chamando à atenção das abelhinhas que por ali passavam.
Logo as flores deram lugar às pequenas estrelinhas verdes, que, pouco a pouco, iam crescendo e, depois ficavam amarelas. Numa bela manhã, um pica-pau ia passando e viu aquela árvore estranha e bela, pensou logo em morar nela, ele gostava de mudar de casa, estava justamente procurando uma árvore nova para construir uma residência mais confortável e, além do mais, ele gostava de afiar seu bico. O pica-pau começou, então, a construir sua nova casa, bicou a árvore durante todo o dia e, ao anoitecer, ela já estava pronta; ele estava muito cansado depois de tanto trabalhar; mas, mesmo assim, voou à sua antiga casa para apanhar sua esposa e seu filhote.
Quando o pica-pau voltou na manhã seguinte, encontrou sua nova casinha invadida, a coruja audaciosa havia tomado para si, a casa do pica-pau e estava morando nela como se fosse a dona. O pica-pau ficou furioso e disse que se ela não saísse logo, ele iria perder a paciência, a coruja zombou dele e, aí, começou uma discussão, um puxa pra lá um puxa pra cá e, penas voaram para todos os lados.
A notícia da briga correu toda a floresta com rapidez e, a bicharada veio correndo ver o que estava acontecendo. Quando chegaram perto da árvore ficaram muito espantados, não só pela briga, mas também, pela descoberta da árvore. Ficaram surpresos, assustados... Todos queriam falar ao mesmo tempo.
A confusão foi geral, por fim, a coruja desistiu de morar na casa do pica-pau, mas, continuou na árvore, subiu mais alguns galhos e ficou lá de cima olhando a confusão. O pica-pau disse que a árvore era dele, pois foi ele quem viu primeiro e, se trancou em casa com a família. O coelho que tentou acabar com a briga, ficou cheio de hematomas.
De repente, a árvore foi invadida pela bicharada, o papagaio, o bem-te-vi, a arara, e, todos os outros pássaros queriam morar na árvore; até os esquilos, a preguiça e os macacos estavam brigando por um pedaço de galho desocupado, ninguém se entendia mais, a amizade deu lugar ao egoísmo e à ganância, todos os bichinhos da floresta estavam tomados por sentimentos mesquinhos, todos queriam a árvore que dava estrelas.
O leão que, até então, era amigo de todos, urrou com força mandando que todos se calassem e fossem embora, pois, a árvore seria dele a partir daquele momento e, que ele iria ficar na sombra deliciosa que ela proporcionava.
E assim, os amigos da floresta tornaram-se inimigos, ninguém brincava mais, nem conversavam como antes, viviam se arranhando e fazendo cara feia um para o outro. Enquanto isso, as estrelinhas iam crescendo, ficavam amarelas e caíam no chão, apodrecendo... Os animais nem pensavam em comê-las, eles nunca tinham visto uma árvore que dava estrelas e tinham medo de comer os seus frutos, pois achavam que poderiam ser sagradas... Talvez, fosse uma estrela que tivesse caído do céu e brotou ali. E, sendo assim, era mesmo sagrada. Quanto a isso, estavam todos de acordo.
Quando os patos e seus companheiros voltaram do Sul, trouxeram um novo amigo, o tucano. Foram recebidos pelo castor que ficou no riacho olhando a confusão de longe, logo ficaram sabendo da nova árvore e de toda confusão que ela causara, voaram depressa para ver a tal árvore. Ao chegarem debaixo dela, o tucano começou a rir, dava gargalhadas e rolava no chão; os outros animais o olhavam curiosos, sem entender o que estava acontecendo. Depois de tanto rir, o tucano finalmente conseguiu falar:
—Vocês estão brigando por isso? Essas são as estrelas sagradas que todos querem, mas ninguém come? — E, sorriu novamente.
— É, qual é a graça. — Respondeu muito zangado o leão.
Então o tucano respondeu, segurando o riso:
— Me desculpem, meus amigos, mas isso tudo é muito engraçado. Essas estrelas não são estrelas de verdade, olhem, elas nem brilham e, também, não são sagradas, são apenas frutas, tem muitas dessas lá onde moro. Podem comer, o milagre que elas fazem é não a gente morrer de fome! É uma fruta deliciosa conhecida na minha terra como carambola. Venha macaco, esqueça as bananas e prove uma carambola.
O macaco olhava para ele com um olhar desconfiado, mas depois resolveu comer uma frutinha e disse que era deliciosa.
O leão decidiu, então, que todos poderiam comer as tais carambolas, todos provaram da fruta e acharam uma delícia, e, começaram a conversar normalmente, sem brigas, como acontecia antes da chegada da árvore de estrelas, voltaram a ser amigos novamente e riram muito relembrando a confusão passada. As sementes que caíram no solo brotaram e novas árvores cresceram, em pouco tempo, a floresta estava cheia delas.
A vida na floresta voltou a ser como antes, a amizade voltou a povoar os corações dos animaizinhos que, agora, brincavam felizes à sombra da árvore que dava estrelas.
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